Assistência

Hemocentro RP inicia nova fase com terapia celular avançada

Fundação faz parte do Cepix – Centros de Pesquisa e Inovação Especiais 

O Hemocentro de Ribeirão Preto inaugurou, nesta segunda (14/04), uma nova etapa do Centro de Terapia Celular da USP, como integrante dos Centros de Pesquisa e Inovação Especiais (Cepix). Na última década, o centro destacou-se como o precursor na América Latina ao produzir com sucesso células CAR-T, com tecnologia genuinamente nacional, permitindo a 20 pacientes com leucemia linfoide aguda de células B (LLA) e linfoma não-Hodgkin de células B refratários tratamento compassivo, com respostas superiores às terapias convencionais.

Há 25 anos, o CTC-USP tinha como missão desenvolver pesquisas e tratamentos voltados à saúde da população. Ao longo desse tempo, influentes cientistas demonstraram que era possível avançar e inovar na ciência brasileira, com impacto mundial. A criação dos Cepix visava fomentar a continuidade das atividades dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs), financiados pela FAPESP, que estavam prestes a alcançar o prazo de término estabelecido pela Instituição.

“Felizmente, no CTC, temos uma combinação favorável de fatores. Não apenas as atividades do CTC da USP, mas também do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, do Hemocentro de Ribeirão Preto, e a parceria com o Instituto Butantan possibilitaram a criação deste núcleo de terapia avançada. Esperamos que isso reduza significativamente a diferença no acesso a terapias celulares no país e também internacionalmente. Para ilustrar, nos Estados Unidos já foram realizados mais de 30.000 tratamentos com CAR-T, enquanto no Brasil é inferior a 100. Nosso objetivo é reduzir essa disparidade, tanto entre países quanto entre pacientes do SUS e da saúde suplementar”, afirmou o presidente do Hemocentro, professor Rodrigo Calado.

A parceria entre as faculdades de medicina, o Instituto Butantan, Hemocentro e os hospitais das Clínicas tem sido muito produtiva. Isso se expandiu também ao Hospital das Clínicas da Unicamp e a outros parceiros, como a Beneficência Portuguesa e o Sírio-Libanês de São Paulo, no desenvolvimento de estudos em andamento produz bons resultados e o presidente do Butantan, professor Esper Kallas, durante abertura do II Colóquio, que “é importante transmitir esta mensagem para todos, especialmente aos que estão começando. Compreender essa filosofia é fundamental para mudar a vida das pessoas. O trabalho colaborativo entre o Nutera São Paulo, Nutera Ribeirão Preto e o Instituto Butantan exemplifica como parcerias eficazes podem transformar a ciência e impactar positivamente a sociedade”´.

Para o reitor da USP, professor Carlos Carlotti, “é um movimento muito favorável que a universidade e o Hospital das Clínicas têm tido, graças aos investimentos do governo do estado, da Finep e da FAPESP. Aqui, estamos inaugurando um centro chamado Cepix, que é uma continuação de um centro inicialmente financiado pela Fapesp. Esse centro foi institucionalizado e agora faz parte da universidade e da Faculdade de Medicina, o que favorece os pesquisadores na busca por novos financiamentos. Além disso, o centro tem autonomia administrativa, e tenho certeza de que isso irá contribuir para o desenvolvimento da ciência dentro da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto, e na Faculdade de Medicina”.

Colóquio –  O dia também marcou a realização do II Colóquio do Núcleo de Terapia Avançada (Nutera) – “Terapia Celular: realidade no combate ao câncer e perspectivas no tratamento das doenças imunes”, no Anfiteatro Vermelho do Hemocentro RP. O evento reuniu pesquisadores que apresentaram e discutiram novas abordagens, estudos e tratamentos na área.

A abertura foi feita pelo diretor-presidente executivo da Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto, professor Rodrigo Calado, pelo diretor do Instituto Butantan, professor Esper Kallás, e pelo diretor-presidente da Fundação Pró-Sangue Hemocentro de São Paulo, professor  Vanderson Rocha. O Nutera fez parte do maior e mais avançado programa de tratamento contra o câncer da América Latina.

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Hemocentro é fornecedor premium para Hemobrás

No dia 27 de março o Hemocentro de Ribeirão Preto participou de visita à Hemobrás, em Goiana (PE), para conhecer a estrutura responsável por receber todo plasma excedente enviado pelos centros qualificados e que será responsável pela produção nacional de hemoderivados.

O Hemocentro de Ribeirão Preto é reconhecido pela Hemobrás como um fornecedor premium de plasma, tendo enviado em 2024 uma média mensal de quase 5.000 bolsas ao mês,  o que representa 94% da capacidade máxima estimada de envio. Além da visita à fábrica, um encontro entre representantes da Hemorrede pública, da diretoria da Hemobrás e do Ministério da saúde abriu espaço para a discussão de medidas para ampliar o fornecimento de plasma para a indústria, incluindo a qualificação de novos centros, melhorias da infraestrutura da hemorrede pública, bem como de seu financiamento. Em 2024, a hemorrede enviou à Hemobrás quase 194.077 mil litros de plasma, que são utilizados para produzir diversos medicamentos como a imunoglobulina humana, a albumina e fatores da coagulação.

Nos dias 01 e 02 de abril o Hemocentro também recebeu a auditoria de requalificação para o fornecimento do plasma, realizada pela Octapharma em conjunto com a Hemobrás, consolidando o seu compromisso com a qualidade dos hemocomponentes produzidos e o seu papel estratégico no cenário nacional.

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Hemocentro abre no carnaval

Durante o Carnaval, o número de doações de sangue diminui em razão de muitos doadores aproveitarem o feriado prolongado para viagens. O que é muito bom já que é uma oportunidade para aproveitar o tempo com a família e descansar. No entanto, a demanda por sangue não diminui, e é fundamental garantir o abastecimento para as instituições da rede pública.

Faltam os tipos: A negativo, B negativo, O negativo e O positivo.

Mas, se você for um doador e puder passar pelo Hemocentro antes de pegar a estrada, nós e milhares de pacientes agradeceremos seu gesto. E para você, que vai ficar em Ribeirão Preto ou em cidades vizinhas, informamos que o Hemocentro estará aberto durante o carnaval para manter o atendimento aos hospitais da região. Se puder doar, por favor, venha nos visitar. O doador pode escolher entre duas unidades: no campus da USP e na rua Quintino Bocaiúva, 470. Veja os horários abaixo

Os requisitos para doar sangue são: boa saúde, peso superior a 50 quilos, idade entre 18 e 69 anos. Excepcionalmente, menores de 18 anos, com 16 ou 17 anos, podem doar desde que obtenham autorização dos seus responsáveis legais.

Horário de atendimento Carnaval Hemocentro Campus da USP
01/03 – Sábado: 07h às 12h30
02/03 – Domingo: 07h às 12h30
03/03 – Segunda: 07h às 12h30
04/03 – Terça: Fechado
05/03 – 07h às 12h30

Horário de atendimento Carnaval no Posto de Coleta – Rua Quintino Bocaiúva, 470
01/03 – Sábado: 07h30 às 12h30
02/03 – Domingo: Fechado
03/03 – Segunda: 07h30 às 12h30
04/03 – Terça: Fechado
05/03 – Quarta: 7h30 às 11h50 (fecha almoço) 12h50 às 17h30.

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Hemocentro de Ribeirão Preto enfrenta estoque crítico de sangue

O Hemocentro de Ribeirão Preto (SP) enfrenta uma grave escassez de sangue, com estoques críticos em diversos tipos sanguíneos, especialmente o O positivo, considerado de doador universal.

A proximidade do Carnaval, que traz um aumento nos acidentes e cirurgias, agrava ainda mais a situação. A campanha é um apelo aos cidadãos para que façam suas doações e ajudem a salvar vidas durante esse período de grande demanda.

Confira a reportagem:

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Preciso fazer sangria terapêutica? Saiba que ela não é para todos!

Embora a sangria terapêutica tenha seus benefícios comprovados em certas condições médicas, é fundamental ressaltar que essa prática não é adequada para todos. A retirada de sangue deve ser realizada apenas sob orientação médica rigorosa e em casos específicos. Para indivíduos sem essa condição, a sangria terapêutica pode ser prejudicial. A orientação médica é indispensável para garantir que qualquer tratamento, incluindo a sangria terapêutica, seja benéfico e seguro.

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Estoques de sangue baixos preocupam em período pré-carnavalesco

O Hemocentro de Ribeirão Preto e os bancos de sangue do Estado de São Paulo registram um período crítico nos estoques no início de 2025

fonte: Jornal da USP – https://jornal.usp.br/?p=855024

Em períodos de festas, os estoques de sangue tornam-se insuficientes para suprir a necessidade nos atendimentos de saúde. No mês de fevereiro, período logo após as festas de fim de ano que antecedem o Carnaval, a situação se agrava ainda mais, afetando não apenas Ribeirão Preto, mas também todo o Estado de São Paulo. O déficit nos hemocentros compromete o atendimento a hospitais e unidades de saúde, aumentando o risco de desabastecimento em casos emergenciais.

Em Ribeirão Preto, por exemplo, a situação preocupa. O Hemocentro da cidade registrou no início do mês um estoque de sangue A negativo de apenas nove bolsas, quando o mínimo deveria ser de 33. Já do B negativo eram cinco bolsas, quando deveriam ter no mínimo dez, e o O negativo 15 bolsas, quando deveriam ter 67. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera ideal de 3% a 5% de doadores na população, número não alcançado no Brasil. Segundo os dados de 2022, os últimos divulgados pelo Ministério da Saúde, aproximadamente 1,4% da população brasileira doa sangue, o que representa 14 pessoas a cada mil habitantes.

O Hemocentro de Ribeirão Preto é vinculado ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HC-FMRP) da USP e integra a Hemorrede, rede de nove centros públicos de captação de sangue do Estado. A proximidade do Carnaval, associada aos períodos de férias e festas, impacta diretamente os estoques de sangue, como explica José Luiz Belagamba Junior, captador de doadores do Hemocentro. “As pessoas costumam sair para viajar e notamos uma queda significativa nos estoques, pois deixam de vir ao Hemocentro por estar longe de casa”, aponta. Outro agravante, segundo o captador, é o aumento dos casos de dengue, que impede a doação por pelo menos 30 dias.

Diante desse cenário, o Hemocentro de Ribeirão Preto intensifica suas ações para manter o abastecimento. Segundo o portal da instituição, são coletadas anualmente 100 mil bolsas de sangue, que atendem 5,5 milhões de moradores em cerca de 230 cidades e 130 hospitais, distribuídos nas regiões de Ribeirão Preto, Franca, Presidente Prudente, Fernandópolis, Araçatuba, Taubaté, Olímpia, Batatais e Bebedouro. Para garantir os estoques durante o Carnaval, o Hemocentro estará aberto para doações nos dias 1º, 2 e 3 de março, fechando apenas na terça-feira de Carnaval. Além disso, campanhas de incentivo estão sendo divulgadas nos meios de comunicação da cidade e da região e nas redes sociais da instituição – Instagram @hemocentrorp e Facebook.

Estado de São Paulo enfrenta déficit

A preocupação com a queda nos estoques, porém, não se restringe ao interior paulista. De acordo com a médica hematologista e hemoterapeuta da Fundação Pró-Sangue do Hemocentro de São Paulo, Selma Soriano, os estoques em todo o Estado de São Paulo estão se aproximando de 50%. “O estoque de sangue para utilização transfusional abaixo de 50% é considerado crítico e, ao atingir esse nível, é necessário adotar medidas imediatas para aumentar os estoques e diminuir o uso dos hemocomponentes”, diz a médica.

Uma das estratégias para gerenciar a distribuição do sangue disponível em São Paulo é o monitoramento contínuo das ações por meio de um painel centralizado, que opera 24 horas, diz Selma. “Esse painel permite um intercâmbio entre os nove centros públicos do Estado de São Paulo e viabiliza ações imediatas para aumentar o estoque, como aumentar o horário de funcionamento, abrir postos de coleta aos finais de semana, enviar o ônibus de coleta até o doador.” Além disso, explica Selma, “a integração entre os hemocentros, promovida pela Hemorrede da Secretaria Estadual da Saúde, possibilita o remanejamento de bolsas de sangue conforme a necessidade de cada região”.

No caso específico de falta de tipos sanguíneos raros, como dos grupos B e AB, a médica explica que é feito o uso racional do sangue, priorizando os pacientes com maior urgência. “A maioria das transfusões pode aguardar 24, 48 e até 72 horas. Nessas situações, utilizamos critérios rigorosos para liberar o sangue apenas para quem realmente precisa naquele momento”, esclarece Selma. Essa gestão criteriosa, destaca a médica, “contribui para evitar desperdícios e garantir que os estoques sejam suficientes para atender emergências”.

Seja um doador

Belagamba Junior diz que para se tornar um doador é muito simples, basta ir até o Hemocentro e levar um documento oficial com foto. “As mulheres devem ter acima de 51 quilos e os homens mais de 50 quilos, ambos devem ter entre 18 e 60 anos, caso seja a primeira doação. Se já for doador, pode doar antes de completar 70 anos e menores de idade a partir de 16 anos, acompanhados de um responsável.” Ele também diz que pessoas que estão tomando alguma medicação, como antibióticos, ou que estejam com gripe ou resfriado, precisam esperar pelo menos 15 dias após o término para doar.

O horário de funcionamento do Hemocentro do campus da USP de Ribeirão Preto, inclusive no Carnaval, é de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h, e de sábado e domingo, das 7h às 12h. As coletas também podem ser realizadas na Rua Quintino Bocaiuva, 470, de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 12h, com exceção de quarta e sexta, que funciona até as 17h30.

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Doando para uma só pessoa

Wilson Aureliano da Silva, agente de segurança do Bosque Fábio Barreto, é um doador de sangue fenotipado há 11 anos. Ele não sabe para quem vai o sangue que doa, mas ouviu falar que é uma mulher.

Wilson começou a doar em 1988, influenciado por seu pai e irmão, que também são doadores. No entanto, foi apenas em 2013 que ele descobriu ser compatível com uma paciente específica e passou a doar sangue três vezes por ano. “É muito gratificante doar sangue”, afirma. “Quando começa a chegar a data da doação, fico ansioso para vir ao Hemocentro e fazer minha parte”.

Fenotipagem –  Fenotipagem é a tipagem para outros sistemas de grupos sanguíneos que não o ABO e Rh que são os mais conhecidos.  Além desses dois, existem outros 42 grupos sanguíneos!

Para a maioria dos pacientes, esses outros grupos sanguíneos não impactam na transfusão, mas para os que recebem transfusões crônicas, como os portadores de anemia falciforme ou os que desenvolveram anticorpos, eles são fundamentais.

A fenotipagem reduz o número de reações transfusionais, prevenindo o aparecimento de anticorpos.

Para atender essa demanda o Hemocentro de Ribeirão Preto realiza a tipagem estendida de alguns doadores para outros grupos sanguíneos, como Kell, Duffy, Kidd e Ss.

Os doadores fenotipados são identificados por testes laboratoriais que analisam os grupos sanguíneos presentes em seu sangue. Uma vez identificados, esses doadores são cadastrados em um banco de dados especial e são chamados periodicamente para doar sangue.

O Hemocentro sempre envia mensagens para os doadores fenotipados, convidando para a doação. Se você é fenotipado e ainda não recebeu a mensagem, venha doar e retire sua carteirinha.

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Doador estabelece meta de “12 doações de plaquetas por ano”

Paulo Henrique Alcade começou a doar sangue em 2002 e foi assim até 2005. Voltou a doar em 2015 e desde então não parou mais. No começo era doador de sangue total e depois de ser doador de plaquetas e já criou uma meta: “quero fazer 12 doações por ano”, Janeiro foi a primeira.

“Minha história com a doação de sangue durante uma campanha realizada, enquanto eu trabalhava no HC pela Faepa. Naquele momento, fui orientado a doar plaquetas em vez de sangue, pois havia uma necessidade maior. Aceitei prontamente e aproveitei para me cadastrar como doador de medula óssea. Desde então, tenho doado plaquetas regularmente”, explica.

“Houve períodos em que precisei me afastar devido a cirurgias, mas, sempre que possível, retorno às doações. Procuro realizá-las em meus dias de folga, o que me permite ter tempo suficiente para me recuperar”, explica. Ele já doou 28 vezes. Obrigado, Paulo Henrique.

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“Se posso ajudar alguém, por que não ajudar?”, diz doador de sangue e plaqueta

Roberto Bernardes dos Reis, natural de Carmo do Paranaíba, fez de Ribeirão Preto seu lar em 1990 e encontrou uma missão nobre e muito nobre. Como motorista do Hospital das Clínicas, ele expandiu seu vínculo com a saúde para além do expediente. Nas folgas, ele vai até ao Hemocentro, onde se tornou um doador regular desde 2010. Este ano, ele celebra 15 anos de dedicação à doação de sangue e aférese.

A motivação de Roberto para doar sangue surgiu de uma situação próxima. Quando um colega necessitou de uma cirurgia e precisou de transfusão, Roberto ofereceu ajuda. Desde então, sua filosofia de vida se cristalizou em uma frase: “Se posso ajudar alguém, por que não ajudar? Hoje eu preciso, amanhã posso precisar”. Esta mentalidade guia suas ações e inspira outros ao seu redor.

Há cinco anos, Roberto passou a realizar doações de plaquetas por aférese. Este método permite a coleta de componentes sanguíneos, como plaquetas ou plasma, enquanto devolve os demais elementos ao doador. A aférese possibilita doações mais frequentes e fornece produtos sanguíneos concentrados, para pacientes com necessidades, como aqueles em tratamento de câncer ou com distúrbios de coagulação.

O impacto da doação é tangível. Em sua visita ao hemocentro, ele doou 620 ml de plaquetas, um componente para a coagulação sanguínea. Sua dedicação salva vidas e inspira outros a seguirem seu exemplo. Em 2015, Roberto trouxe sua namorada para se juntar a essa causa, ampliando o círculo de doadores. Para ele, o ato de doar transcende o físico: “Me sinto bem espiritualmente saber que estou salvando uma vida. É importante.”

A doação de sangue serve como um pilar para o sistema de saúde, salvando vidas diariamente. O sangue doado é essencial em cirurgias, tratamentos de doenças, emergências e no apoio a pacientes com condições que afetam a produção de células sanguíneas. Cada doação tem o potencial de beneficiar três, quatro doadores. Em 2024, o Hemocentro realizou cerca de 95 mil transfusões de sangue. Se não fossem os doadores, isso simplesmente não existiria. Pense Nisso!

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Hemorrede de São Paulo: história de sucesso que não pode ser negligenciada

A criação da Hemorrede do Estado de São Paulo, na década de 1980, mudou a história do sangue transfundido aos pacientes do SUS, oferecendo bolsas e hemoderivados da mais alta qualidade e segurança, comparável à Europa e aos EUA. Essa conquista precisa ser reconhecida e não pode ser perdida. Nos últimos anos, a Hemorrede vem sofrendo com a estagnação de seu financiamento. Enquanto boa parte dos insumos para a produção de bolsas de sangue seguras é importada, o real vem se desvalorizando. A conta não fecha e pode comprometer o atendimento aos pacientes.

Nos anos 1980, epidemias de doenças transmitidas pela transfusão de sangue, como a aids e a hepatite C, impuseram uma mudança radical na qualidade das transfusões, sendo estruturada a Hemorrede paulista, composta com seus hemocentros, núcleos e agências. Naquela época, o governo do Estado criou os hemocentros diretamente ligados às melhores universidades da América Latina: USP (São Paulo e Ribeirão Preto), Unicamp (Campinas) e Unesp (Botucatu), além das faculdades de Medicina de Marília e São José do Rio Preto.

Essa articulação foi o segredo para dar qualidade médica e científica à transfusão de sangue e segurança na produção de bolsas de sangue, com a implementação de ações que garantem sua qualidade. Primeiro, a capacitação de profissionais desde a coleta do sangue dos doadores, passando pelo laboratório, enfermeiros e médicos, até o profissional que acompanha a transfusão no paciente. Como exemplo, foram criados dois mestrados profissionais reconhecidos pela Capes e somente no Estado de São Paulo, ligados aos hemocentros e às universidades.

Segundo, trouxe a ciência das universidades para inovar no desenvolvimento tecnológico do sangue: foram produzidos kits sorológicos, testes moleculares para detecção de doenças, novos métodos de tipagem do sangue. Também foram implementados novos e rígidos protocolos de segurança, como a certificação de qualidade e protocolos de transfusão. O conjunto dessas ações vem garantindo a segurança das transfusões no Estado ao longo de quase 40 anos. Não há notícia, na Hemorrede paulista, de contaminações por transfusão por negligência ou imperícia. Isso se deve à qualidade da triagem de doadores e dos testes realizados nos hemocentros públicos, que não terceirizam suas atividades. Pelo contrário, a Hemorrede pública mantém extremo rigor e controle em todas as etapas do processo de controle do sangue.

Atualmente, são fornecidas pela Hemorrede bolsas de sangue e hemoderivados de qualidade para os pacientes do SUS em cerca de 300 hospitais. Em 2023, foram mais de 270 mil bolsas de sangue produzidas para transfusão. Os números são impressionantes e sem-par, mesmo em outros países, para uma estrutura tão enxuta. São Paulo tornou-se modelo em hemoterapia no Brasil.

A Hemorrede continua crescendo e se beneficiando de sua ligação umbilical com as universidades estaduais paulistas, que permitiu a criação de centros avançados de transplante de medula óssea em hospitais públicos, a tipagem de doadores de órgãos para transplantes com a mais alta segurança, banco público de sangue de cordão umbilical para transplantes, terapia gênica para hemofilias e, mais recentemente, a terapia celular avançada (células CAR-T) contra o câncer para pacientes do SUS.

A criação da Hemorrede transformou não apenas aspectos técnicos e científicos, mas também a gestão e a lógica do financiamento público, coibindo transfusões desnecessárias, sem indicação médica, ao ressarcir os hemocentros pela coleta e processamento de sangue e não mais por sua transfusão. Essa mudança, gestada em São Paulo e adotada pelo Ministério da Saúde para todo o País, foi estratégica para implementar políticas de transfusões cautelosas e baseadas especificamente no seu benefício médico, sem vieses econômicos. Ainda há aspectos de gestão a serem aprimorados, como a ampliação de transfusões ambulatoriais, ou seja, aquelas em que o paciente não precisa de internação para receber a transfusão, desafogando leitos hospitalares e unidades de pronto-socorro.

Apesar dos avanços, a Hemorrede enfrenta desafios contínuos. A manutenção de estoques adequados de sangue, principalmente em períodos de baixa doação, é problema a ser superado com melhores estratégias de captação de doadores. A gestão dos estoques articula-se diretamente com redução para o mínimo do descarte de bolsas não transfundidas. Adicionalmente, novos surtos e epidemias de doenças infecciosas que podem ser transmitidas pelo sangue impõem mudanças rápidas e novas metodologias de triagem e testagem do sangue doado.

Mais preocupante é o financiamento da Hemorrede paulista, que está estagnado nos últimos anos enquanto boa parte dos insumos é precificada em moeda estrangeira. Para manter a estrutura existente e a qualidade do sangue e implementar expansões e novas tecnologias, a recomposição e novos investimentos são imprescindíveis. Essa é uma história de sucesso de política de saúde pública do SUS que não pode ser negligenciada.

(Artigo publicado originalmente no jornal O Estado de S. Paulo, em 4/12/24)

* Cláudio L. Miranda, diretor técnico do Hemocentro de Botucatu da Unesp; Renata B. Cardoso, diretora do Hemocentro de Marília; e Octavio Ricci Junior, diretor administrativo do Hemocentro de São José do Rio Preto

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